Como vencer quando você não é favorito

Me parece que na vida, temos a sensação de que nós somos os protagonistas. Precisamos lutar para vencer, para conquistar, para sermos reconhecidos e achamos que as coisas, o mundo e as pessoas giram ou devem girar em torno de nós mesmos.

Com esse pensamento muitas vezes perguntamos para Deus qual é a vontade Dele para nossas vidas. Essa pergunta está errada, por isso não encontramos a sua vontade, pois o foco de nossa espiritualidade precisa estar em Deus e não em nós.

O pastor Henry Blackaby no livro Conhecendo Deus e fazendo sua vontade nos ensina esta verdade, dizendo: “Qual a vontade de Deus para a minha vida? – está não é a pergunta certa. Creio que a pergunta certa é: Qual a vontade de Deus? Uma vez conhecendo a vontade de Deus, posso então ajustar minha vida a ele. Em outras palavras, qual é o propósito de Deus? Quando souber o que Deus está fazendo, saberei o que devo fazer. A ênfase precisa ser colocada em Deus e não em mim!”

O que precisamos compreender é que não somos os favoritos, nunca seremos o protagonista de nossa própria história. Somos apenas uma peça de um quebra-cabeça muito maior, fazemos parte de um todo que glorifica a Deus, que aponta unicamente para a glória de Deus.

A nossa vida pertence a Deus e tudo que fazemos no mundo está sendo utilizado por Deus para o cumprimento de Seus propósitos eternos, dos quais não temos conhecimento, e talvez nunca teremos nesta vida, mas tanto as coisas boas, quanto as coisas, aparentemente, ruins, estão cooperando para o nosso bem e para o bem dos propósitos de Deus. Podemos ter certeza disto!

As vezes, coisas acontecem conosco para Deus atuar na vida de outra pessoa e, outras vezes, coisas acontecerão com outros para servir à nossa vida.

 

Tudo está debaixo do controle de Deus. Somos livres, temos poder de escolhas, decisões, temos vontades, mas não podemos esquecer que não estamos sozinhos no mundo, somos criaturas que atuam como em partículas de tempo, em decímetros de espaço e com gotas de vida, se comparado à imensidão do universo, com todas as coisas criadas e com a história da humanidade. O controle de Deus não é apenas sobre nossa vida, mas sobre todas as vidas,  todas as histórias, em todos os lugares e em todo o tempo. Só Ele para fazer todo esse emaranhado de vidas, cruzamento de histórias e todos os minutos e segundos fazerem sentido. Deus tem o controle de tudo, da vida material, espiritual, do mundo visível e invisível, daquilo que é conhecido e daquilo que é absolutamente desconhecido. Nós somos pobres mortais, nos falta tudo – tempo, vida, conhecimento, experiência. Não conhecemos todo o passado e não fazemos ideia do futuro. A vida só é o que é por causa de Deus e não por causa de nós. Por isso, não faz sentido algum imaginarmos que somos os protagonistas da história ou que somos os favoritos.

Seremos felizes quando descobrirmos que nossa vida não é por causa de nós, não é para nós, mas é por causa de Deus e é para Deus. Assim, descobriremos o verdadeiro propósito de nossa existência.

Compreender que nossa a vida é por causa de outro, é por causa de Cristo, vai nos levar à humildade.

O caminho para ser como Cristo, ser o discípulo de Jesus, é o caminho da humilhação, da negação de si mesmo, da compreensão de que não somos os favoritos, e quanto menos desejarmos ser, mais seremos parecidos com Jesus.

O caminho da vida e do sucesso (palavra muito utilizada em nosso tempo) é exatamente o caminho da negação do eu,  da humildade, pois quanto menor formos, maior seremos.

Quanto menos parecido com o homem, com sua vaidade e glória, mais parecidos com Cristo seremos. Eu e você, então, seremos incríveis, marcaremos a vida de outras pessoas, deixaremos um legado; não se lutarmos na vida para construir algo por nós mesmo e para nós mesmos, mas somos chamados a preparar o caminho para Jesus. Nenhum homem que ficou para a história como “homem de Deus” lutou para ser reconhecido em si mesmo, eles simplesmente viveram para fazer Jesus conhecido.

Podemos citar o exemplo de João Calvino que morreu cedo, no auge dos seus 55 anos incompletos. O maior teólogo da reforma pregou seu último sermão no dia 6 de fevereiro de 1564 e morreu no dia 27 de maio do mesmo ano.  Ciente de que a morte se aproximava, chamou para junto de si os magistrados e os pastores da cidade e lhes fez prometer que sobre sua sepultura não seria erguido qualquer monumento, tanto que hoje se desconhece o local do seu túmulo. Foi sepultado, segundo seu desejo, em lugar desconhecido, sem testemunhas e sem cerimônia fúnebre. O procedimento correspondeu à sua teologia: honra e glória somente a Deus.

Você deseja ser grande? Busque ser pequeno. Deseja ser líder? Busque ser servo. “(…) quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20:26-28).

Jesus é o favorito de Deus, Ele é o protagonista da História, Ele é o salvador do mundo, Ele é quem tira o pecado do mundo. Todos nós dependemos totalmente dEle.

Autor

Pr. Márcio André

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